quinta-feira, 4 de março de 2010

Tentação








Ledo engano.
Acendi um cigarro, retirei os livros velhos da estante, os vinis, as cartas de amor e  o porta-joia antigo. Bom às vezes manter o ácaro da lembrança morto, mesmo sabendo que estou vacinada preciso ter a certeza de que não voltará a me fazer espirrar memórias traidoras do tempo.
E justamente nesta hora, de limpeza espiritual o telefone toca.
Olhei na bina e não acreditei no que vi...
Era o passado a bater na porta. Respirei fundo, senti minhas pernas amorteceram, minhas mãos tremerem, meu corpo falar. Fechei os olhos e contei até dez. Levantei, vesti a primeira roupa que encontrei, peguei minha bolsa e fui me encontrar com o sol. Eu precisava ter a certeza de que não queria dar murro em ponta de faca mais uma vez.
E assim foi por algumas horas seguidas: telefone a tocar e eu cada vez mais convicta que estou bem minha.

Não vou me entregar.

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