quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Sei-te-de cor (Março 2008)





Não sei o que será de mim sem você.
Não consigo descrever o que está percorrendo por dentro.
A sensação da perda é uma das piores.
Fico muda.
A sentir.
Emaranhada nesse meu silêncio ensurdecedor.
Tentando tirar esse amor de dentro. Tentando ser forte pra não dizer que te amo.
Que amor é esse?
Que acaba comigo, me deixa sem abrigo, sem ter pra onde ir.

Esboço (Fevereiro 2008)






E a introspecção não passou de uma grande evolução onde pude tomar a consciência dos fatos e amadurecer a idéia de que nada é como eu quero.
Tudo imaginação.
E essa imaginação ampliada e somada resulta-se numa majestosa e grandiosa elevação de espírito.
Louca ou não reencontro com a própria vida. E neste despertar de realidade onde antes o lírico era domínio agora uma certa razão prevalece. Mas não a razão absoluta. É uma razão tomada de precaução, delicada como papel de manteiga e que pode rasgar-se a qualquer momento. Afinal a fragilidade nada mais é que uma fina camada de pele que com o tempo apodrece. E já não se encontra mais ali. É pó.
Aí do nada uma certa emoção acorda meus sentidos humanos e quando me dou por conta estou em pé novamente. Erguida por uma força maior. E é por essas e outras que tomo como lição não só estar apenas em carne rija, mas estar ao nível de todas as coisas. Sou apenas uma pequena partícula de sonho. Uma pequena letra de uma pequena palavra de um pequeno trecho de um pequeno livro de uma pequena história.
E isto não faz de mim poeira. Tampouco faz de mim uma mera personagem sem contexto.
O que me move agora, não é mais o amor.
O que me move agora é tão forte e maior que isto.
É imensamente maior do que qualquer esboço de qualquer idéia.
Daí, a imensa necessidade da libertação de espírito.
Ondas que são transmitidas e captadas por almas elevadas.
Tolice seria permanecer no estado de estátua. E gelo. E pedra. E sombra. E vago. E sentar-se ao pé da figueira remoendo as dores do passado enquanto o filme que passa é de meu próprio punho. E poder parar. E poder mudar a iluminação. E poder reescrever. E poder ficar insana quando me for cativo.
Para depois me libertar mais. E mais.
O sopro que vem é real. E é real também toda essa falsa maestria de controle sentimental humano, onde cada um julga-se maior e melhor que outrem , numa passada de relações indevidas e desconjuntadas, onde o jogo de interesse vale mais que o respeito mútuo, onde tudo não passa de elaborações mal formadas e mesquinhas, onde nada é transparente, a não ser a falsa idéia de que se pode ser mais, quando se não é.

Distante (Fevereiro 2008)





Agora é um por si. Você por você.
Lateral pensamento.
Lateral paixonite.
Lateral raciocínio.
Lateral espírito.
Lateral e tão breve como um sopro menor, um sopro vazio, nada intenso.

Toda essa lateralidade - como se nada acontecesse - desperta um nojo repulsivo que no estômago cai como pedra e ali permanece, tentando dissolver-se em poesia. Mas a pedra lateral ali habita. A pesar. E as lamentações mil já não resolvem, a não ser o alívio após um longo chorar, que é a única recompensa por esse egoísmo somado a uma ilusão notória e ao mesmo tempo imperceptível.
E dentro de uma panela de sensações jogo uma pitada de esperança.
Porque não se pode parar.
Uma tomada de consciência e frontalidade.
Rapidamente, antes que a pedra termine por petrificar o coração.


Ainda há tempo.

Dedilhando o coração (Fevereiro 2008)





Hoje poderia fala de flores.
Do bem estar.
De como é bom ser mulher.
Do viver.

Hoje poderia falar amor, de carinho, de afeto.
De perfume.
Da natureza
Da alma.
Hoje seria o dia perfeito para dizer que o mundo é uma bosta.
De um peito peludo ou não de um homem.

Hoje poderia falar de música erudita, de arte, de sabores. Falar de artesanato, de tinta de cabelo, de boneca inflável, de vibrador. De chuva, de gastronomia, de supermercado, de marcas.
De propaganda, da polifonia das vozes, do trânsito, do teatro, de decoração, de plantas, de esmalte de unhas, de livros, de sonho de valsa sabor morango, de sedução. Ou quem sabe falar de complexidades, de sonhos, devaneios, anseios e percepções. De futebol, de política, de religião.

Hoje poderia falar de carros, de paisangens, de praia, de sorvete, de filmes do Almodóvar, de video game, da neurose de mãe e pai, da saia curta da puta, da tatuagem nova, de Vinicius de Moraes. Poderia falar de guerras, de metereologia, de sabão em pó, de cremes, de pentelho no sabonete, do despertador que toca às seis da manhã, e do mimetismo midiático podre que aflora.

Poderia ficar horas aqui vomitando vagalhões de palavras mal escritas.

Mas não quero.

Hoje não quero falar... (abundância de alegria, sorriso que contagia, leveza que paira no ar)
Apenas sorrir.

Pedaços (Fevereiro 2008)





Por enquanto.
Só por enquanto eu quero calar.

Fechar os olhos e sobrevoar teus pensamentos.
Reabastecer meu ser
E tornar-me novamente limpa.


Tu foste em corpo
E ficou em alma.

Teu-meu-nosso (Fevereiro 2008)




-Vagando pelos mundos a procura de algo cujo não sei o que é.
Se é aquela vontade de mergulhar num oceano ou mergulhar dentro do meu próprio mundo.


Observações:
*Aprender a lidar com as perdas e edificar meu saber.
*Aprender a ir embora sem dizer adeus. (covardia talvez)

*Todavia por vezes é necessário calar e reconhecer que nem sempre o ganhar significa a felicidade plena. (se que é ela existe)

*Pessoas vêm e vão, o ciclo da vida é uma constante. Uma constante instabilidade, uma constante mudança, um constante equilíbrio... Não importa! Não importa como tua vida é. O importante é viver, seja o que você for, seja você. Mas não deixe-se levar pelas palavras ilusórias de um ser pensante, porque falar, é muito fácil. Até papagaio fala! O difícil ter atitude na alma. Não adianta ter correntes nos pensamentos e querer bancar superioridade... O tombo, certamente será grande.
Indo e vindo pelos mundos estaciono minha moto em frente aos teus olhos. Um mundo perdido onde procuras muitas respostas... Com perguntas mal feitas. Nem sempre é bom questionar, de vez em quando é bom deixar o tempo guiar. Entendes? Conheço muitas pessoas que passam o tempo todo as procurando por aí, quando na verdade tudo que precisam estão dentro delas mesmas.
Então deixe de bobagem!
Acorde pela manhã com um sorriso no rosto e um café.
Certamente, colherás frutos.
*
*
*
*
Trash:
Fui passear em tuas águas e me perdi
Perdi o belo
A alegria
A segurança
Fui passear em tuas palavras e acabei esquecendo das minhas
E deixei naufragar todos os sonhos
Fui passear no teu sol
E perdi o brilho
Fui conhecer o teu amor
E conheci a dor
Fui longe
Fiquei invisível
E incolor
Fui ao encontro do que pensei ser você
E o que encontrei?
Uma desilusão

Fui passear em teus sonhos
E encontrei o medo
A falsidade
E uma vasta indecisão

Teus valores
Tuas angústias
Transformaram meus dias
Em solidão

Tuas águas não são claras
Nem cristalinas
São turvas
Paradas
Fundas

Rasos, são teus olhos

Então do passeio voltei
Conhecendo teus horrores
Tuas tristezas
Tuas breves paixões

E agora aqui do barco
Consigo ver um chão
Não aquele almejado
Mas ainda assim um chão
Que conforta
E me traz paz

Tuas águas são confusas
E aqui me despeço
Porque águas amargas
Não perduram

Porque prefiro
As águas amadas

Entre (Fevereiro 2008)



Há um momento em que viramos para nós mesmos e nos perguntamos: o que vale a pena?
Há dias que nos apetece agarrar pelo colarinho quem amamos e enfiar boca à dentro todo o amor. Aí percebemos que o amor não se obriga.
Há instantes que temos vontade de virar pó. De virar vento. Água... Para podermos ir onde quisermos. E quando nos damos conta estamos ilhados em pensamentos distantes cujo sabemos que jamais se tornarão concretos.
Há segundos que precisamos nos encontrar, para poder fazer escolhas, que talvez não sejam as corretas, mas que podem mudar o rumo da vida. E é assim que ela consiste; de opções. De sim e não. De sol e chuva, de orvalho e poesia, de certo e errado, de doce e salgado, de sabor e dissabor.
Um belo dia confrontamos com nosso eu.
Cara a cara.
Deparamos com nossos medos e anseios, com nossos sonhos, com nossas fantasias. E trava-se uma luta constante. Do eu contra eu mesmo. Do que eu acho coerente contra o que eu acho errôneo. Tentamos avaliar racionalmente quando a emoção é quem quer dominar, e precisamos ser fortes para não vacilar. Porque é fácil renunciar, o difícil é conviver com a sombra da saudade, da dúvida, do arrependimento por atos que poderiam ter sido feitos, mas que pelo bem de outrem, ou, pelo egoísmo, não ocorreram. Então nosso mar abre-se e podemos ver nitidamente nossos tesouros, e podemos abrir o baú da verdade para ver as jóias conquistadas durante nossa existência. E de que adianta termos este baú cheio quando não podemos dividir a felicidade, nem somar, nem multiplicar? Vivermos como soberanos num castelo frio e solitário recoberto de "ouro" enquanto a nossa metade está livre na floresta a colher frutos?
Tolice é acreditar que podemos nos enganar.

Silenciosa ( Janeiro 2008)








Fui tentar esquecer e esqueci de esquecer.


Fui tentar lembrar e lembrei que lembrar pode ser doloroso.


Fui tentar ouvir e tentar entender e acabei ainda mais confusa.


Fui tentar apagar e fui apagada.


Fui lá e apanhei todos os sonhos.


Os vividos.


Os futuros.


E coloquei-os numa caixinha forrada com papel laminado.


Para quem sabe um dia ao abrir pode ficar com os olhos ofuscados e ir só tateando...


Fui tentar desafogar as palavras e elas ficaram detidas no eco.


Fui tentar abandonar o barco e fui abandonada.


Agora, cá nesta ilha, a bolha fica mais densa.


Dento dessa ternura-torturante onde meus pensamentos afogados gritam por liberdade.


Fui tentar deixar de amar.



Aí lembrei que não se deixa.



Se guarda.

Um sábado de verão (Janeio 2008)
















Impaciente.
Com sede ao pote.
Instintos incontroláveis.
Se eu pudesse, pararia o tempo, para poder entender um pouco mais.
Tempo curto.
Tempo longo.
Tempo que não passa.
Que passa logo.
E longe está a tranqüilidade do repousar.
A simplicidade de do "poder dormir em algum braço".
Seria... Demais.
Ansiosa.
Para ver.
Sentir.
Amar.
Doar.
Se eu fosse "assim". Ou "assado".
Não sou tão frágil.
Nem forte.
Meio-amarga.
Doce.
Ácida.
Voluptuosa.
Se eu pudesse, atravessaria tua estrada, para poder viver um pouco mais.
Estrada longa.
Coberta de pedras.
E flores.
E sonhos.
E perto está a inquietude.
De pode estar.
De poder saber.
De querer.
Querer o que se não tem.
O que nunca se terá.

Incendiária (Janeiro 2008)







Não é preciso muito
Basta um risco
Um cisco
Um assoprão
E tudo pelos ares
Até mesmo a poesia
Aquela guardada a sete chaves
Irá bombardear os corações
E não adianta fugir
Não adianta correr
Tudo irá queimar
Começando pela primeira estrofe
Pela primeira melodia
Bum!
Todos sentirão os pés em chamas
E os pensamentos virarão cinzas
Então surgirá dos céus
A faxineira do tempo
Que limpará as palavras
Que varrerá o pó
Tudo tão bem guardado
... Mas não adianta...
Agora nada mais é

Rereposts.

Então... Segue os posts de 2008. 
Reciclando? Hey ho! Lets go!