quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Entre (Fevereiro 2008)



Há um momento em que viramos para nós mesmos e nos perguntamos: o que vale a pena?
Há dias que nos apetece agarrar pelo colarinho quem amamos e enfiar boca à dentro todo o amor. Aí percebemos que o amor não se obriga.
Há instantes que temos vontade de virar pó. De virar vento. Água... Para podermos ir onde quisermos. E quando nos damos conta estamos ilhados em pensamentos distantes cujo sabemos que jamais se tornarão concretos.
Há segundos que precisamos nos encontrar, para poder fazer escolhas, que talvez não sejam as corretas, mas que podem mudar o rumo da vida. E é assim que ela consiste; de opções. De sim e não. De sol e chuva, de orvalho e poesia, de certo e errado, de doce e salgado, de sabor e dissabor.
Um belo dia confrontamos com nosso eu.
Cara a cara.
Deparamos com nossos medos e anseios, com nossos sonhos, com nossas fantasias. E trava-se uma luta constante. Do eu contra eu mesmo. Do que eu acho coerente contra o que eu acho errôneo. Tentamos avaliar racionalmente quando a emoção é quem quer dominar, e precisamos ser fortes para não vacilar. Porque é fácil renunciar, o difícil é conviver com a sombra da saudade, da dúvida, do arrependimento por atos que poderiam ter sido feitos, mas que pelo bem de outrem, ou, pelo egoísmo, não ocorreram. Então nosso mar abre-se e podemos ver nitidamente nossos tesouros, e podemos abrir o baú da verdade para ver as jóias conquistadas durante nossa existência. E de que adianta termos este baú cheio quando não podemos dividir a felicidade, nem somar, nem multiplicar? Vivermos como soberanos num castelo frio e solitário recoberto de "ouro" enquanto a nossa metade está livre na floresta a colher frutos?
Tolice é acreditar que podemos nos enganar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário