domingo, 31 de janeiro de 2010

Desejos






Impactante sensação
De leveza
O couro cabeludo amortece
Memórias insistentes e sujas apagadas

Sem dúvida alguma o ritmo encaixa-se com a melodia
E nesse compasso
Meu coração bate.

Enriqueço a cada minuto. Surpreendentemente, como a natureza que me cerca.


Doces momentos de meus prazeres
Exalam paz pelos poros
Meus
Teus
Nossos
Doces momentos de meus amores
Meu
Minha
Teu
Tua
Sempre

S/ Tit.





Depois de voar e ver quão pequenino são meu medos...
Percebo a simplicidade de meu amor.
Nada adianta camuflá-lo em movimentos pre pensados
Pois as palavras se perdem quando o coração palpita.

Então em meu universo desenho as curvas do rosto amado que um dia hei de afagar.
Porque a força que me move é a mesma que te empurra para meus braços.

set/05

Sem Querer

- Foi uma maneira de dizer! -disse ele, com a testa franzida, olhando para o lado.

- Então da próxima vez, diga sem maneiras! – disse ela, com uma mão na cintura e outra apontando para ele.

Foi a última vez que se viram.
Depois disso a vida era só procurar, sem querer.
Ela ia para o bar e sem querer o encontrava.
Ele ia para a livraria e sem querer o encontrava.
E o sem querer por muito tempo permaneceu.
Sem querer cruzavam os carros no sinal, sem querer almoçavam no mesmo restaurante.
Sem querer se encontravam no teatro, sem querer faziam compras no mesmo supermercado.

Era tudo um sem querer.


E a cada sem querer ela sentia um frio na barriga
E a cada sem querer ele suava as mãos
Ela passava a mão nos cabelos
Ele sorria timidamente

Até que um dia em uma tarde ensolarada de domingo
O sem querer deu as caras novamente
E ambos descobriram
Que o sem querer
Chamava-se, destino.

- Ainda com maneiras?
- Sim, vou dizer-te de todas as maneiras, todo amor que tenho por você.

* Danado esse sem querer. Ele age e molda quando menos esperamos, não é mesmo, seu fulano?

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010





Hoje enforcarei todas as palavras
Sílaba por sílaba
Vogal por vogal
Consoante por consoante
Tom
Por
Tom
Para não falar de Amor

Serão palavras mudas e despidas
Hoje, não falarei de Amor.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Sacode - ( Para Victtoria Rossini)







Por vezes preciso que alguém venha ao pé de meu ouvido e grite. 


Não me pergunte por onde andei.
Não vou lhe contar. A única coisa que posso dizer-te é que estive tentando curar feridas que não cicatrizam. Mas agora já não me apetece mais cutucá-las. Deixarei engavetadas. Se algum dia me cativar abro uma por uma e as liberto.
Então, se por acaso em meus devaneios, vier a chorar não te espantes porque minha lágrimas outrora doloridas haverão de ser alegres. 


- Estava sentada junto a figueira quando o vi pela primeira vez.
Seu andar denunciava uma preocupação. Passos firmes e ligeiros. Andava de um lado para o outro com um livro na mão e na outra um cigarro, era um rato de biblioteca. Barba por fazer, roupa surrada, sapato gasto... Um ogro maravilhoso.
Fiquei lá, embasbacada olhando para aquela figura notória imaginando o que passava em seus pensamentos, no porquê daquela ansiedade toda... Levante bruscamente e fui em sua direção disposta a cumprimenta-lo sem delongas. E foi o que fiz. 
Só não contava que no caminho algo insesperado ia acontecer.
Ele esperava sua amante.
Um beijo longo e demorado, de afecto, de amor.
Recuei.
Baixei minha cabeça e voltei ao pé da figueira, voltei ao diário, onde lá podia desbravar minhas emoções.


Voltei durante semanas naquele lugar, nunca mais o vi. O que restou foi um esboço que fiz de sua sombra em minhas escritas cujo às vezes folheava para não esquece-lo.
Era uma vez um Ogro Dourado.